07 julho, 2007

Textos antigos?

Hoje, ao arrumar umas partituras encontrei duas folhas A4 com o texto que vou transcrever abaixo. De certeza que era para enviar para o Público, nas cartas ao director. Já não me lembro porque não enviei. Se calhar porque não era muito “politicamente correcto”, não sei. Acho que ainda é actual, embora os professores estejam “ a levar pela cabeça abaixo”. Podem estar à vontade para dizer o que quiserem.


14 – 02 – 1996

Avaliação do desempenho dos professores

Levantar a hipótese, sequer, de uma avaliação do trabalho de um professor, é para qualquer professor, visto e sentido como um atentado ao seu íntimo.

Na realidade, os primeiros sentimentos que mostram são o de se sentirem invadidos. Depois vêm os argumentos que justifiquem essa atitude.

São argumentos primeiros, fundamentais?

Não. São argumentos secundários, que se prendem essencialmente com a legitimidade dos avaliadores. Quem nos vai avaliar? Obviamente que são professores. Mas como? Quem me garante que têm competências para isso? Bom! Então não serão professores.

Como?

Como é que um não professor pode saber alguma coisa do meu trabalho? Nem pensar!

Afinal, porque é um tabu tão grande falar num sistema de avaliação de professores?

Vamos aos argumentos primeiros, ditos fundamentais.

Como se avalia um processo?

Há que conhecer o processo: os intervenientes, os objectivos, o entretanto, o resultado, os métodos e as estratégias.

Para que serve a avaliação de um processo?

Para saber se vale a pena continuar com o processo, mantê-lo, melhorá-lo, modificá-lo, negá-lo, etc.…

Quando se fala em avaliação dos professores, está-se a falar numa parte importante, primordial do processo da Educação. O lugar comum é dizer que é tudo muito problemático, difícil, de tal forma difícil que é impossível de abordar. Assim, o melhor é nem pensar. Como não se pensa, deixa-se para os outros, os que não são professores e têm tempo para isso.

Depois?

Critica-se as decisões desses outros, a começar pelo facto de que não são professores e estão longe de saber o que se passa na realidade do dia-a-dia escolar.

Depois?

Alguns discutem um bocadinho, esquecem as poucas reflexões que fizeram com o passar do tempo.

Depois?

Aparece um Estatuto da Carreira Docente para discutir, alterar, modificar. E então? Que dizem os professores? Que sim, que têm de subir de escalão porque ganham pouco, trabalham muito e em más condições. Só por isto? Só. Porquê? Porque não pensaram.

O processo está doente!

Quem tem o processo na mão?

Na realidade são os professores os motores de todo este processo.

Há falhas, grandes, muitas, fundas e perigosas.

Quem é o responsável?

O sistema, a política, o ministro, o 1º ministro.

Nós, os professores, não temos culpa nenhuma. Nenhuma?

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