29 julho, 2010

Da democracia na era da globalização

Uma carta de Saramago, escrita em 2003 para o Fórum Social Mundial, que pode ser lida aqui.
Cheguei lá através de mais um desafio no blogue Conversa Avinagrada.

"[...]O eleitor poderá tirar do poder um governo que não lhe agrade e pôr outro no seu lugar, mas o seu voto não teve, não tem, nem nunca terá qualquer efeito visível sobre a única e real força que governa o mundo, e portanto o seu país e a sua pessoa: refiro-me, obviamente, ao poder económico, em particular à parte dele, sempre em aumento, gerida pelas empresas multinacionais de acordo com estratégias de domínio que nada têm que ver com aquele bem comum a que, por definição, a democracia aspira.[...]
Que fazer? Da literatura à ecologia, da fuga das galáxias ao efeito de estufa, do tratamento do lixo às congestões do tráfego, tudo se discute neste nosso mundo. Mas o sistema democrático, como se de um dado definitivamente adquirido se tratasse, intocável por natureza até à consumação dos séculos, esse não se discute. Ora, se não estou em erro, se não sou incapaz de somar dois e dois, então, entre tantas outras discussões necessárias ou indispensáveis, é urgente, antes que se nos torne demasiado tarde, promover um debate mundial sobre a democracia e as causas da sua decadência, sobre a intervenção dos cidadãos na vida política e social, sobre as relações entre os Estados e o poder económico e financeiro mundial, sobre aquilo que afirma e aquilo que nega a democracia, sobre o direito à felicidade e a uma existência digna, sobre as misérias e as esperanças da humanidade, ou, falando com menos retórica, dos simples seres humanos que a compõem, um por um e todos juntos. Não há pior engano do que o daquele que a si mesmo se engana. E assim é que estamos vivendo."

5 comentários:

  1. Obrigado por ter aderido ao apelo. Assim, talvez se consiga, como Saramago escreveu nesse belo texto, "pôr a tocar todos os sinos do universo, sem diferença de raças, credos e costumes, que todos eles, sem excepção, o acompanhariam no dobre a finados pela morte da Justiça"

    Abraço

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  2. :):)

    Então as férias?
    Vai dando notícias...
    Provavelmente passarei por aí!

    Abraço forte

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  3. Para já a descansar mesmo: só ler, André Maurois (dos livros velhos dos meus avós, tocar piano e aproveitar mais tempo com o Rainer.
    Quando vieres avisa com alguma antecedência pois vamos sair uns dias para ir a Leipzig, visitar o Bach.
    Beijo

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  4. Continuação de boas férias...
    Abraço para ti e para o Rainer.
    :))

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  5. Ontem publiquei a minha primeira homilia onde aparece com um dos apostolos citados...

    Continuação de boas férias...

    Abraço

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