"Um cineclube virtual com 200 títulos do cinema clássico, de O Desprezo a Citizen Kane, vai estar disponível em todos os liceus de França, para serem incluídos nas aulas de Literatura ou História ou mesmo para que, em aulas extras, sejam mostrados aos alunos. O plano, com o nome de Cinélycée, foi anunciado esta semana e deverá entrar em vigor no próximo ano lectivo, em Setembro.
Entre os títulos disponíveis vão estar Citizen Kane - O Mundo a Seus Pés), de Orson Welles, As Crianças do Paraíso, de Marcel Carné, A Grande Ilusão, de Jean Renoir, Os 400 Golpes de François Truffaut, ou O Desprezo, de Jean-Luc Godard. Os alunos votarão nos filmes que quiserem ver.
No ano passado o Presidente francês, Nicolas Sarkozy, delineou uma reforma das escolas secundárias falando já de um equivalente moderno ao antigo cineclube, lembra o diário britânico The Guardian. "Vivemos numa situação improvável e perigosa, em que a cultura cinematográfica dos nossos alunos parece inversamente proporcional à quantidade - que é imensa - de imagens e vídeos que consomem todos os dias", disse Sarkozy, citado pelo jornal The Independent. "É urgente desenvolver o seu olhar crítico e ancorar a sua relação com a imagem em movimento numa herança cultural."
O ministro da Cultura, Frédéric Mitterand, defendeu o visionamento de filmes clássicos não só para conhecimento cinematográfico, mas também para educar sobre a realidade do século XXI. "Citizen Kane é um filme notável para se perceber as maquinações do poder, as maquinações da ambição", disse Mitterand na quarta-feira. "Podemos compará-lo com figuras contemporâneas que são ambiciosas, que querem conseguir algo, e temos uma maneira extraordinária para as perceber".
"Ensinamos literatura, música e teatro na escola. É vital ensinar também cinema (...) porque as imagens têm um papel na nossa sociedade e é muito importante aprender a descodificar imagens", disse o presidente da Cinemateca de Paris, Costa Gavras."
Parece-me uma medida inteligente, já que é prática corrente o visionamento de filmes em escolas. Assim há pelo menos uma escolha prévia, num universo de filmes quase infinito. Nada obriga a que sejam aqueles, suponho eu, mas é uma boa base. A ideia é pertinente mesmo, pois vivemos num mundo de imagens muitas vezes mal entendidas.