29 julho, 2010

Da democracia na era da globalização

Uma carta de Saramago, escrita em 2003 para o Fórum Social Mundial, que pode ser lida aqui.
Cheguei lá através de mais um desafio no blogue Conversa Avinagrada.

"[...]O eleitor poderá tirar do poder um governo que não lhe agrade e pôr outro no seu lugar, mas o seu voto não teve, não tem, nem nunca terá qualquer efeito visível sobre a única e real força que governa o mundo, e portanto o seu país e a sua pessoa: refiro-me, obviamente, ao poder económico, em particular à parte dele, sempre em aumento, gerida pelas empresas multinacionais de acordo com estratégias de domínio que nada têm que ver com aquele bem comum a que, por definição, a democracia aspira.[...]
Que fazer? Da literatura à ecologia, da fuga das galáxias ao efeito de estufa, do tratamento do lixo às congestões do tráfego, tudo se discute neste nosso mundo. Mas o sistema democrático, como se de um dado definitivamente adquirido se tratasse, intocável por natureza até à consumação dos séculos, esse não se discute. Ora, se não estou em erro, se não sou incapaz de somar dois e dois, então, entre tantas outras discussões necessárias ou indispensáveis, é urgente, antes que se nos torne demasiado tarde, promover um debate mundial sobre a democracia e as causas da sua decadência, sobre a intervenção dos cidadãos na vida política e social, sobre as relações entre os Estados e o poder económico e financeiro mundial, sobre aquilo que afirma e aquilo que nega a democracia, sobre o direito à felicidade e a uma existência digna, sobre as misérias e as esperanças da humanidade, ou, falando com menos retórica, dos simples seres humanos que a compõem, um por um e todos juntos. Não há pior engano do que o daquele que a si mesmo se engana. E assim é que estamos vivendo."

25 julho, 2010

Violência doméstica já fez 11 mortos este ano

Para não esquecer, para não passar despercebido, porque todos podemos fazer algum pequeno grande gesto que ajude alguém nessa situação. Todos sabemos que é um crime que atravessa a sociedade. Mais uma razão para estarmos todos alerta. Ainda há pessoas que não sabem que é um crime público e que podem denunciar e ajudar.

Ontem, no Público esta notícia:

"A morte de uma mulher, ontem, na Marinha Grande, elevou para 11 o número de vítimas este ano em contexto de violência doméstica. A esmagadora maioria (nove) são mulheres e no historial das relações existem casos de violência continuada, ciúmes e separações. A estas mortes directas acrescem centenas de queixas de agressão registadas pelas autoridades e outros três homicídios de agressores, supostamente praticados pelos familiares das vítimas. Só ontem foram detidos três suspeitos de crimes de violência doméstica. O caso mais grave deu-se na Marinha Grande, onde um homem de 61 anos terá matado a sua ex-mulher. De acordo com o coordenador da PJ de Leiria, Carlos do Carmo, o suspeito e a vítima viviam na mesma casa e os "problemas de violência doméstica eram antigos". O homem foi ontem apresentado ao juiz de instrução criminal do Tribunal da Marinha Grande, desconhecendo-se à hora do fecho desta edição as medidas de coacção que lhe foram aplicadas.
Em Famalicão, um homem de 31 anos terá ferido "com gravidade" a esposa, no pescoço e no braço, e foi detido por "presumível tentativa de homicídio". Em Cantanhede, outro homem de 33 anos foi também detido por tentativa de homicídio da ex-mulher."

Por Cláudia Ferreira

23 julho, 2010

Selvagem Grande A ilha das cagarras



No Público, um artigo interessante sobre o nosso país. Mostra de forma inequívoca que somos tão bons como todos os outros. O artigo está muito bem escrito.


"O que faz tanta gente nesta ilha e à sua volta? Em terra e no mar, mais de 70 cientistas inventariam a biodiversidade marinha, naquela que é a maior expedição científica às ilhas Selvagens, 163 milhas náuticas a sul da Madeira e apenas 82 a norte das Canárias. O extremo sul de Portugal é aqui. A pergunta é: porquê uma expedição às Selvagens e não a outro sítio qualquer?"

17 julho, 2010

Cavalleria Rusticana e I Pagliacci

Estas foram as óperas que vi na Staatsoper Hamburg no fim de semana passado.
Não pertencendo ao rol das minhas preferidas têm no entanto o seu interesse e encanto.
O Intermezzo Sinfónico entre a primeira e a segunda parte da cavalaria Rusticana é lindíssimo.
Esta ária, Vesti la giubba, de I Pagliacci é a mais conhecida, aqui cantada por José Carreras:

14 julho, 2010

As elites, as massas, a excelência e a necessidade da democracia

Sob este título a crónica de ontem, de José Vítor Malheiros, no Público.
Muito pertinente, sem papas na língua.

"A questão da elite versus democratização é uma falsa questão que seria bom que o sistema educativo e os seus profissionais arrumassem de vez. E é uma falsa questão porque não há verdadeiras elites sem verdadeira democracia, nem verdadeira democracia sem verdadeiras elites. Sem democracia existem castas de dirigentes que concentram privilégios, mas isso não faz deles uma elite. Uma elite só o é com provas dadas.
Uma elite é o grupo dos melhores, mas, para termos a certeza de que temos os melhores, temos de poder escolher de entre todos.
[...]

Em Portugal temos as elites anémicas que temos porque a nossa democracia é tão imperfeita que ainda hesitamos se devemos dar uma educação física, uma educação musical e uma educação científica decente a todas as crianças - ou reservar isso apenas para alguns - para os mais bem-comportados ou para os que têm os pais mais bem- comportados. Há quem faça essa selecção e lhe chame "promoção da excelência". Não é. É apenas uma eternização de privilégios."

13 julho, 2010

"É possível construir uma neurociência da pessoa humana"


Numa entrevista publicada hoje no Público, Jean-Pierre Changeux, especialista de neurobiologia molecular, deixa muitas questões para pensar e para agir. Aponta também para o futuro.
Muito interessante.
Da entrevista:
"Começam a existir modelos e dados sobre a internalização da cultura e a sua produção - isto é, sobre a forma como os circuitos cerebrais se modificam ao longo do desenvolvimento, da aprendizagem da oralidade e da escrita, do estabelecimento de regras de conduta moral, da criação artística."

07 julho, 2010

Escolas Pequenas

Através do blog do Paulo Guinote cheguei a este site, http://www.smallschoolsproject.org/ que deve servir, talvez, como fonte de inspiração, quiçá de reflexão, para quem tem a responsabilidade de tomar decisões relativamente à Educação.
Pelo que já li, vale a pena gastar algum tempo a explorar.

No blogue do Paulo, A Educação do meu Umbigo, há muito mais informação, absolutamente a propósito das megas-decisões mal tomadas ultimamente, no que se refere à Escola Pública Portuguesa.

06 julho, 2010

Protesto do Conselho Geral contra a extinção do Agrupamento dos Arcos

Pode ler-se aqui o protesto, que devia, a meu ver, ser de todos os Conselhos Gerais deste país.
Mas que país é este, que tem um governo que se desdiz e contradiz em menos de um ano?
Que país é este que não valoriza a Escola, a Aprendizagem, o Conhecimento, os seus Cidadãos?

04 julho, 2010

Fechar escolas!!!

Vendo este vídeo percebe-se bem porque é que medidas políticas relativas à educação têm de ser tomadas de outra forma.

Os argumentos economicistas caem pela base mediante realidades como a documentada, até porque, em vez de poupar, deita-se dinheiro à rua.