De uma entrevista, na Pública, a Coimbra de Matos, psicanalista
Como é que reconhece imediatamente uma
pessoa autoritária?
Não sei. Estou a lembrar-me de um caso que
tinha, de um psiquiatra distinto, que se descrevia
como um tipo muito generoso, nada
autoritário. Eu notava que não era nada disso.
Ele estava convencido de que era um tipo
muito inteligente, e era-o, mas não tanto como
julgava; e docemente impunha sempre a
sua vontade, quer na família quer no trabalho.
Uma coisa que acontecia quase sempre é que
eu fazia uma interpretação e ele dizia: “Estou
de acordo consigo, mas...” Um dia disse-lhe:
“Já reparou que tem sempre que me provar
que é mais inteligente que eu? Sempre que faço
uma interpretação, a maior parte das vezes concorda,
mas acrescenta sempre qualquer coisa.
Para me mostrar que vai mais longe que eu.”
Só aí é que ele percebeu esta omnipotência.
A última palavra estava sempre do lado dele.
Também me lembro de um colega psicanalista
que não tinha opiniões, só convicções. Nunca
dizia: “Penso que.” Só dizia: “É assim ou assado.”
Uma vez disse-lhe, ele até ficou zangado:
“Não tens opiniões sobre nada, só tens convicções.”
Isto é o núcleo do autoritarismo: está
convencido de que a única verdade é a sua e
mais nenhuma [é válida].
pessoa autoritária?
Não sei. Estou a lembrar-me de um caso que
tinha, de um psiquiatra distinto, que se descrevia
como um tipo muito generoso, nada
autoritário. Eu notava que não era nada disso.
Ele estava convencido de que era um tipo
muito inteligente, e era-o, mas não tanto como
julgava; e docemente impunha sempre a
sua vontade, quer na família quer no trabalho.
Uma coisa que acontecia quase sempre é que
eu fazia uma interpretação e ele dizia: “Estou
de acordo consigo, mas...” Um dia disse-lhe:
“Já reparou que tem sempre que me provar
que é mais inteligente que eu? Sempre que faço
uma interpretação, a maior parte das vezes concorda,
mas acrescenta sempre qualquer coisa.
Para me mostrar que vai mais longe que eu.”
Só aí é que ele percebeu esta omnipotência.
A última palavra estava sempre do lado dele.
Também me lembro de um colega psicanalista
que não tinha opiniões, só convicções. Nunca
dizia: “Penso que.” Só dizia: “É assim ou assado.”
Uma vez disse-lhe, ele até ficou zangado:
“Não tens opiniões sobre nada, só tens convicções.”
Isto é o núcleo do autoritarismo: está
convencido de que a única verdade é a sua e
mais nenhuma [é válida].
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