Este é o título de um concurso, meritório nas suas intenções, da Câmara da Póvoa de Varzim para as escolas do concelho. O dito concurso abrange a prosa e a poesia, as artes plásticas e a música, com trabalhos originais de alunos, normalmente supervisionados por professores. Há um júri , há prémios, que como tudo às vezes geram alguma polémica e há uma sessão ou "festa" de entrega dos prémios.
É precisamente aqui que acaba a parte meritória e começa a parte condenatória: nunca na minha vida vi tanta indigência cultural junta no mesmo espaço, tanta energia deitada fora, tanto tempo mal gasto e mal gerido, tanto dinheiro gasto sem serventia nenhuma...
Mas vamos por partes: uma sessão pública em que cada escola devia preparar um número para a festa: todos os participantes (no feminino, na sua larga maioria) exibem fatos reduzidos, pinturas e cabelos absolutamente inapropriados para as idades, as músicas que só são batida em alto som, ultrapassando largamente o limite, em decibeis, do suportável; as coreografias também praticamente todas iguais, com gestos e poses pouco de acordo com a faixa etária. E agora o cúmulo: números apresentados por uma ou umas, não percebi muito bem, academias de dança, que não têm nada a ver com as escolas participantes no concurso; estas estão em peso no pavilhão, a suportar tudo aquilo para ver os colegas a receber os prémios (esta foi a parte a que praticamente ninguém ligou) e ver o número preparado, os tais todos iguais aos das academias de dança. Como numa cena surreal, isto estende-se muito para além do tempo previsto e a partir de uma determinada hora os miúdos vão saindo para serem transportados de volta às escolas respectivas e quase ninguém vê as apresentações das escolas que ficaram para o fim.
É precisamente aqui que acaba a parte meritória e começa a parte condenatória: nunca na minha vida vi tanta indigência cultural junta no mesmo espaço, tanta energia deitada fora, tanto tempo mal gasto e mal gerido, tanto dinheiro gasto sem serventia nenhuma...
Mas vamos por partes: uma sessão pública em que cada escola devia preparar um número para a festa: todos os participantes (no feminino, na sua larga maioria) exibem fatos reduzidos, pinturas e cabelos absolutamente inapropriados para as idades, as músicas que só são batida em alto som, ultrapassando largamente o limite, em decibeis, do suportável; as coreografias também praticamente todas iguais, com gestos e poses pouco de acordo com a faixa etária. E agora o cúmulo: números apresentados por uma ou umas, não percebi muito bem, academias de dança, que não têm nada a ver com as escolas participantes no concurso; estas estão em peso no pavilhão, a suportar tudo aquilo para ver os colegas a receber os prémios (esta foi a parte a que praticamente ninguém ligou) e ver o número preparado, os tais todos iguais aos das academias de dança. Como numa cena surreal, isto estende-se muito para além do tempo previsto e a partir de uma determinada hora os miúdos vão saindo para serem transportados de volta às escolas respectivas e quase ninguém vê as apresentações das escolas que ficaram para o fim.
Ora bem, além do ridículo da questão existe o facto de uma tarde inteira de aulas ter sido anulada, pois tanto os alunos como os professores estiveram presentes em tão "edificante" espectáculo. Devemos acrescentar as aulas que os alunos envolvidos perderam para ensaiar o número (que quase ninguém viu) apresentado pela escola.
A minha questão é: deve a escola reproduzir o que de má qualidade produz a sociedade em termos culturais?
Estou a ver o filme aterrador na forma como descreves a "festa". Pobre ingenuidade a tua que parece não saberes o mundo em vives. Sabe lá alguém numa Câmara Municipal o que é cultura. Sabe lá alguém numa escola o que é cultura. Parece que não sabes que a última coisa que parece preocupar os professores são os alunos. Querem lá saber se é preciso procurar em cada um deles como o encontrar para o puxar para dentro do que é suposto ensinar. Os alunos dizem "não gosto de matemática" mas não é disso que não gostam, ninguém lhes diz o que é. Se se porta mal vai para o lugar do fundo e é esquecido porque não entra no sistema. Os meus melhores alunos tinham sempre negativa a tudo e 5 a música porquê? Tens que pensar que estás sozinha a remar contra uma maré negra. A pergunta que fazes não tem resposta possível.
ResponderEliminarFiquei triste com o teu texto. Desculpa desabafar assim.
Beijo
Não fiques triste, pois não é por ingenuidade que escrevo; é mesmo para desabafar e se puder pôr mais alguém a pensar! De qualquer forma aquilo foi tão mau, que o barulho que fiz levou outros a fazer barulho também e uma coisa pelo menos já foi decidida: para o ano a minha escola não vai participar naquela palhaçada e até o vereador da cultura deu o braço a torcer que aquilo foi mau. Não te esqueças que é a mesma câmara que faz As Correntes de Escrita; que tem a terceira melhor e maior feira do livro do país, que patrocina o Festival de Música da Sopete que é dos melhores que para aí andam. Apesar de tudo têm uma reputação a defender.
ResponderEliminarJá agora, enviei para um jornal da Póvoa uma carta de protesto em meu nome; só não sei se vão publicar!
Um beijo, Susana
Fiquei triste pelo que deves ter sofrido nessa tarde. É uma mágoa que sai do teu texto.
ResponderEliminarMais uma vez dás-me razão, se a câmara de Vila do Conde realiza eventos culturais de vulto ( eu conheço-os) só demonstra que se está nas tintas para a formação cultural daqueles que deviam ser o alvo preferencial, os alunos. Será porque não lhes dá visibilidade? Um concurso de escola não é notícia de jornais fora da Vila, não se fala na televisão não é comentado no jornal de letras, etc...
Beijo
Ricardo, tenho de te corrigir! Estou a falar da Câmara da Póvoa de Varzim, já que esse é o Concelho a que pertence a escola onde trabalho. Já ía dizer a minha escola, mas depois ainda me chamavam nomes.
ResponderEliminarUm beijo, Suco
Era o que eu queria dizer ( o Daniel Jonas é um dos poetas meu amigo que costuma ir às Correntes).
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